quarta-feira, 27 de abril de 2011

Averso

Vem que eu quero ver!
Te desafio a ser você inteiro
Você e todos os seus defeitos

Eu quero os meus defeitos
Sabê-los, sofrê-los, tê-los
Cheirar a poeira dos cantos que guardam os prantos
E o que se prefere esconder.

Feliz daquele que sabendo-se imperfeito
Não se pretende intocável
E futuca a onça com a vara curta
Para conhecer seus próprios demônios
Amar-se também ao avesso,
Conhecendo suas quinas, sua cólera.

Seguir em frente pode ser dar passos para dentro antes do salto .

Bagunçar as estruturas, malear o edifício
Mexer em time que esta ganhando
As minhas certezas desejo comê-las!
Fruto do desconforto de me saber ignorante de mim mesma.

Feliz daqueles que sabem que ignoram
a maioria das coisas pelas quais tem certeza

Feliz aqueles que sabem que ignoram
a maioria das coisas que amam e temem
E que entre a certeza do saber e o perigo de seguir
Se arriscam a pisar em nuvens e querer voar..

Cutuco o que me escondo para conhecer
a essência do meu cheiro
Cutuco o que não vejo no espelho
a sombra que carrega o que pretendo esquecer de mim.

Aceito meus pecados, meus problemas,
minha covardia
minha dor e minha delicia, meu desespero e minha calma.

Porque o contrário de amar-se, não é odiar-se
é não sentir - si ser
Sentir – si
é re-conhecer sua própria ambinguidade e contradição
é saber seus desfalques e faikes.

O contrário do sentimento, não é o seu oposto
Amar trás consigo a linha tênue do ódio
O contrário de amar
é o não sentir amor

Temos a teimosia de querer separar o sentimento de seu avesso
Temos a mania de separar nossas virtudes de nossos demônios
Temos a hipocrisia de decifrar o verso de nós mesmos
e esconder á sombra o nosso averso.

Eu também quero sentir o é das coisas
Começando pelo sou de mim
Cutucando o meu averso com agulha
Para me confrontar de frente,
e me libertar inteira.


Coragem para conhecer-se covarde na vida
E não desistir de si mesmo


Coragem para conhecer – si.

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