sábado, 12 de novembro de 2011

..falta um tanto de palavra que tanto faz palavra tanta falta faz..

sábado, 13 de agosto de 2011

à lá Martha Medeiros

e o meu amor por ti
se foi assim sem ver
sem nem deixar recado
foi-se assim, assado.

à lá Martha Medeiros 2

Acho que vivi por mim
Todos os momentos que juntos
Quase estivemos próximos

Agora que já não nos somos
Vivo a por ti
Imaginando um tempo que já não teremos

Mas há controvérsias

à lá Martha Medeiros 3

Se tenho já não quero
Se quero é porque não posso
Gosto mais do que perdi
Perco rápido o que mais quero

No agora esqueço os planos
Cedo fácil, decido o contrário
Na hora H, tudo ao avesso

No dia seguinte me desmereço
Me liberto e me torturo
Pelo gozo antecipado

Sou apenas uma das mulheres que conheço

à lá Martha Medeiros 5

No és porque me quieres que me gustarás
Que mania tem os homens de se declarar
Antes de conquistar!

à lá Martha Medeiros 6

Amanheceu na quarta às cinzas..

quinta-feira, 23 de junho de 2011

sobre laranjas, quintais e domingos

Toda laranja tem seu lugar num domingo num quintal
Todo quintal tem seu lugar para uma laranja num domingo
Todo domingo tem seu lugar numa laranja num quintal

Lugar de laranja é domingo no quintal
Lugar de domingo é no quintal com laranja
Lugar de quintal é uma laranja no domingo

Toda laranja tem seu lugar ao sol num quintal num domingo
Todo sol tem seu lugar num quintal num domingo com laranja
Todo quintal tem seu sol para uma laranja num domingo
Todo domingo tem seu lugar no sol num quintal com laranja
Todo lugar tem seu domingo no sol para uma laranja num quintal

quinta-feira, 26 de maio de 2011

À princesa do meu castelo

E agora que me dizem que cada vez mais me pareço contigo
Já não te vejo além do espelho que a ti reflexo

Será meu, será teu, serão os olhos de quem te vê em mim
de quem te sente através de mim

No dia em que te vir, seremos duas
irmãs igualmente diferentes
Enquanto isso,
és-me um pouco
sou-te um tanto

Nos amamos assim de longe,
Nos encontrando, assim em quando, no espelho
.dentro dele.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cutuco!

Cutuco a onça com agulha fina
O torpor do desafio, me desfio
Me viro reviro reinvento tento
Não só de amores reza o peito
Não só me sirvo do melhor de mim
Mas também dos meus demônios
Cutuco!

Averso

Vem que eu quero ver!
Te desafio a ser você inteiro
Você e todos os seus defeitos

Eu quero os meus defeitos
Sabê-los, sofrê-los, tê-los
Cheirar a poeira dos cantos que guardam os prantos
E o que se prefere esconder.

Feliz daquele que sabendo-se imperfeito
Não se pretende intocável
E futuca a onça com a vara curta
Para conhecer seus próprios demônios
Amar-se também ao avesso,
Conhecendo suas quinas, sua cólera.

Seguir em frente pode ser dar passos para dentro antes do salto .

Bagunçar as estruturas, malear o edifício
Mexer em time que esta ganhando
As minhas certezas desejo comê-las!
Fruto do desconforto de me saber ignorante de mim mesma.

Feliz daqueles que sabem que ignoram
a maioria das coisas pelas quais tem certeza

Feliz aqueles que sabem que ignoram
a maioria das coisas que amam e temem
E que entre a certeza do saber e o perigo de seguir
Se arriscam a pisar em nuvens e querer voar..

Cutuco o que me escondo para conhecer
a essência do meu cheiro
Cutuco o que não vejo no espelho
a sombra que carrega o que pretendo esquecer de mim.

Aceito meus pecados, meus problemas,
minha covardia
minha dor e minha delicia, meu desespero e minha calma.

Porque o contrário de amar-se, não é odiar-se
é não sentir - si ser
Sentir – si
é re-conhecer sua própria ambinguidade e contradição
é saber seus desfalques e faikes.

O contrário do sentimento, não é o seu oposto
Amar trás consigo a linha tênue do ódio
O contrário de amar
é o não sentir amor

Temos a teimosia de querer separar o sentimento de seu avesso
Temos a mania de separar nossas virtudes de nossos demônios
Temos a hipocrisia de decifrar o verso de nós mesmos
e esconder á sombra o nosso averso.

Eu também quero sentir o é das coisas
Começando pelo sou de mim
Cutucando o meu averso com agulha
Para me confrontar de frente,
e me libertar inteira.


Coragem para conhecer-se covarde na vida
E não desistir de si mesmo


Coragem para conhecer – si.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Bolo árabe

Há sempre a tentativa de transformar um acontecimento grandioso em receita de bolo, como se fosse apenas fruto de uma mistura de alguns fatores em quantidade logicamente definidas e os ingredientes de uma revolução não fossem essa mesma indignação e impotência que sentimos, meros cidadãos no mundo.
A língua da vizinha destila o veneno sobre números de protestantes feridos e mortos, dados catados da história e análises de paletós. Palavras estupidamente selecionadas deturpam o momento histórico, desviam a atenção para a morte, a desordem, o medo, para a demagogia política que analisa, mas não se emociona com as milhares de pessoas indignadas na rua gritando por dignidade e justiça.
Algo acontece ali do lado, algo que nos diz respeito a todos. Alguém se levantou de manhã para mudar a ordem das coisas e na rua, encontrou outros, como ele, não dispostos a conseguir migalhas. E os descontentes eram muitos, eram milhares de cidadãos conscientes de serem donos de sua própria história agindo imediatamente para mudá-la. Um bolo de gente que pulsava junto e se fortalescia com o grito.
A eles pertencem definir as mudanças que farão, os temperos, a temperatura, a eles deve agradar o paladar.
Aos humanos do mundo inteiro, que sentimos a mesma dor no estômago, um sopro de esperança no coração fatigado: é o bolo árabe alimentando nossa fome. Seguimos famintos, mas não iguais.